Gráfica

EXPLORANDO NOVAS FRONTEIRAS NA INDÚSTRIA GRAFICA: REFLEXÕES A PARITR DA PARTICIPAÇÃO NA DRUPA 2024

A Drupa, conhecida como o maior evento do mundo da indústria de impressão e comunicação, reuniu mais de 1800 expositores de 50 países e atraiu mais de 250.000 visitantes, consolidando-se como um espaço propício para intercâmbio de conhecimento e inovação. Entre os dias 28 de Maio a 07 de Junho de 2024, em Dusseldorf, Alemanha, a Drupa se tornou o epicentro das discussões sobre os avanços e tendências da indústria global de tecnologia de impressão.

A participação da Abigraf nesse evento singular foi marcada por um stand de apoio aos industriais brasileiros, oferecendo uma oportunidade única de imersão nesse ambiente de aprendizado e descobertas. A caravana da Abigraf contava com cerca de 260 empresários gráficos de todo o país, acompanhados por aproximadamente 1500 empresários que optaram por participar de forma autônoma. No Paraná, a FIEP apoiou financeiramente o sindicato patronal SIGEP, patrocinando parte dos custos da viagem para o grupo de associados vinculado ao Sindicato.

A Drupa, realizada a cada quatro anos, representou um marco especial após um intervalo de 8 anos decorrente das circunstâncias impostas pela pandemia. Distribuída em uma área de 100 mil metros quadrados e 18 pavilhões, a feira teve como objetivo principal a transferência de conhecimento e a interação com especialistas de diversos cantos do mundo, abordando os impactos das megatendências globais e os novos modelos de negócios sob a ótica da indústria 4.0 e da inteligência artificial.

Este evento se tornou essencial para todo empresário gráfico que busca compreender as novas tecnologias e as transformações em curso dentro do setor. A indústria gráfica desempenha um papel vital na transmissão de informações, comunicação, embalagem e promoção de produtos, abrangendo uma vasta gama de segmentos como impressão em papel, tecidos, comunicação visual, decoração, editorial, comunicação visual, brindes personalizados, cartonagem, rótulos, etiquetas, impressão 3D e embalagens para alimentos, por exemplo…

Durante a Drupa, testemunhamos o vigor de um setor forte no Brasil e no mundo, cada vez mais tecnológico, digitalizado, automatizado e agora integrado à inteligência artificial. As máquinas expostas revelaram avanços tecnológicos com uma integração marcante com a eletrônica. Máquinas extremamente ágeis e precisas, combinadas com inteligência eletrônica e automação, que possibilitam análises instantâneas da produção e correções de setup de forma autônoma.

Nesse cenário, percebe-se a transição em direção a um novo paradigma – precisamos cada vez menos de impressores e cada vez mais de técnicos especializados. Um dos pontos de destaque foi a presença marcante dos Equipamentos Digitais, em especial a tecnologia inkjet, evidenciando o movimento dos fabricantes tradicionais de equipamentos offset para equipamentos digitais, em busca de inovação e eficiência. Entretanto ai se esconde um perigo – muitos empresários podem acabar se empolgando com a tecnologia digital e as promessas de baixos custos de impressão. Nesse caso em particular de impressoras digitais de grande porte há de se considerar os “custos invisíveis” tais como o custo de cabeças de impressão, possíveis problemas de danos a cabeça em função de mídias ruins e altos custos de manutenção. Outro ponto importante a se considerar é o custo de capital investido no caso de uma máquina que não esteja operando a plena carga.

Éramos no Brasil, 19 mil gráficas há 10 anos, hoje somos 14 mil e a tendência desse número é diminuir. Uma consideração importante é que de fato o crescimento do mercado não acompanha o crescimento do parque de máquinas e de suas altas capacidades produtivas. Percebemos com naturalidade que o próprio setor se consolide com a fusão de médias empresas para ganhos de escala de diminuição de riscos associados a grandes investimentos.

Nos próximos 5 anos teremos outra fotográfica do setor – empresas sucumbirão, outras serão fundidas e outras ainda terão crescimento exponencial. Faz se necessário um planejamento adaptativo, com revisão periódica em curtos intervalos, um planejamento de forma a focar em nichos para que os investimentos sejam feitos com um pouco mais de segurança. O ideal é só se invista em impressoras de maior porte alicerçados sobre demandas recorrentes de um mercado cativo – e isso se torna impossível sem a especialização.

Mais do que nunca as gráficas, em especial as pequenas, precisam perceber o valor do associativismo. Estamos diante de um cenário com grandes desafios onde não existem respostas prontas. O setor se profissionalizou e somente quem estiver antenado as novas tecnologias e conectado a seus pares e parceiros conseguirá descobrir as oportunidades desse novo mundo no tocante a produtos e serviços gráficos.

A Drupa não apenas oferece um panorama atual da indústria gráfica, mas também nos instiga a reinventar nossas práticas, abraçar a mudança e buscar constantemente a excelência e competitividade. O aprendizado adquirido nesse ambiente dinâmico de trocas e inspiração certamente impulsionará o setor, orientando os empresários gráficos para um futuro promissor e tecnologicamente avançado.

Marcos Dybas da Natividade

Diretor Delta Rótulos e Etiquetas

Presidente Sigep / Abigraf Paraná

Vice Presidente Fiep