Você conheceu estas marcas? JB (Jornal do Brasil), RR Donnelley, Editora Abril, Burti, Ediouro, Gráfica Minister, Sol Gráfica e outros milhares que basta consultarmos no Google e teremos um panorama deste problemão que enfrenta o Mercado Gráfico do Brasil e do mundo. Estas que mencionamos foram ícones do setor no Brasil, pois imprimiam Jornais de circulação diária e nacional, revistas do nosso dia a dia como VEJA, as apostilas compradas pelo Governo Federal para as escolas públicas, os principais Books de beleza e moda, com altíssima qualidade e alto padrão de impressão, de clientes como L’Oreal, HStern, Jogos Rio 2016. Estes são exemplos de gráficas de renome que não foram capazes de transpor os desafios do mercado, da globalização, da digitalização e das mudanças de hábitos de consumo – fecharam suas portas.
Segundo o Estudo setorial da indústria gráfica no Brasil de 2022 realizado pela ABIGRAF (Associação Brasileira da Industria Gráfica), 3144 empresas encerraram suas atividades entre 2016 e 2020, em sua ampla maioria (acima de 90% do total) eram micro e pequenas empresas, com produções majoritariamente dos segmentos promocionais e comerciais. O impacto disto foi a redução de 53% da produção industrial no segmento da atividade de impressão e a perda de 27.400 postos de trabalho, segundo o IBGE e RAIS. Alguns setores protagonistas, fortemente concentrados em gráficas de médio e grande porte, mantiveram de pé parte desta produção e receita através da produção editorial, de embalagens e de sinalização de comunicação visual.
Mas o que pensa o empresário gráfico? Ele sabe que precisa se reinventar, se adaptar e digitalizar seus negócios, é consciente que existe pouca inovação em suas operações e no mercado. O empresário brasileiro é por natureza otimista quanto a necessária conexão digital e aumento de portfólio, no entanto isto requer uma mudança de cultura de investimentos que muitas vezes é equivalente a aquisição de um novo equipamento.
É importante uma breve análise deste contexto em que nos últimos 15 anos as importações de equipamentos gráficos reduziram de uma média móvel de cerca de 1300 máquinas/ano para níveis 400 máquinas/ano, segundo o MDIC. Mas não são só os equipamentos que possuem idade média avançada, os empresários e as empresas também, 67% das gráficas no Brasil possuem mais de 20 anos de fundação e quando ainda não são operadas por seus fundadores, estes de alguma forma se mantém por perto da gestão de seus herdeiros.
Sabemos que o empresário é otimista e pretende investir, se possível, para evitar o fechamento das portas, e cerca de 40% deles segue seu instinto de sobrevivência que o leva a investir na produção. Mais de 53% destes empresários afirma que o principal motivo de investimento se deve a expectativa de aumento de produção, necessidade de melhoria da qualidade e redução dos tempos de produção, o que faz sentido devido a idade média de seu parque gráfico. Agora, perguntem qual setor das empresas é o 1º a demitir? Setenta e nove porcento (79%) das demissões ocorrem na produção, ou seja na primeira crise o impressor perde o emprego!
Mas chegou a hora de ao menos uma boa notícia. Apesar de poucos dados disponíveis do segmento de impressão digital plana de pequenas tiragens, dos famosos bureaus, o setor de comunicação visual possui um índice estimado em mais de R$13 bilhões somente em transformação de matéria prima em impressos, geralmente banners, lonas, tecidos usados na moda e adesivos de grandes formatos. Se levarmos em conta os serviços agregados de instalações e acabamentos podem duplicar ou até triplicar este montante no Brasil. Já nas gráficas tradicionais, chamadas de offset, este mercado é trilionário no mundo, estimado pela SMITHERS PIRA em mais de R$5 trilhões, altamente concentrado na Asia e Estados Unidos, mas com uma parcela significativa no Brasil de cerca de R$63 bilhões segundo a ABIGRAF.
Dado interessante é que ainda uma pequena parte deste montante é vendido por operações online. Em 2018 a Global Industry Analysts, Inc, estimou que até 2022 este seria um mercado global de cerca de R$8 bilhões somente, ou seja, ainda há muito espaço para crescimento das vendas online, mundo a fora. Poderia ser esta uma das soluções para a crise do setor?
Rio de Janeiro, junho de 2023
Equipe IMPRIMIR.Shop >>> O Shopping da Impressão
